As olimpíadas científicas ajudam estudantes a descobrir seu potencial. Entrevista com professor Guilherme Pereira, do IFPE

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Tibérius Drumond

As olimpíadas científicas e outras iniciativas fortalecem a formação científica e ainda permitem que mais jovens descubram seu potencial. Isso é o que defende professor Guilherme Pereira, do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), em entrevista ao portal de notícias Comunidade Científica Jr. Sua história mostra que a dedicação, o incentivo e a paixão pela ciência são capazes de mudar trajetórias individuais e coletivas. Seu trabalho no IFPE já impactou milhares de jovens e continua a inspirar novas gerações a olhar para o céu em busca de conhecimento e de um futuro mais brilhante.

Professor Guilherme tem acompanhado de perto olimpíadas, como a OBA, Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, e a OBAFOG, a Olimpíada Brasileira de Foguetes. Ele vê como elas estão transformando a vida de milhares de estudantes apaixonados por ciência.

Além da dedicação na preparação de jovens para a OBA e para a OBAFOG, o professor é também o idealizador da Olimpíada Pernambucana de Astronomia (OPA), uma competição estadual que tem motivado muitos jovens para a área da astronomia e da astronáutica.

Primeiros passos com a Astronomia

O envolvimento de Guilherme com as olimpíadas científicas começou em 2010, quando o IFPE passou a preparar seus alunos para a OBA. O resultado desse esforço veio em 2013, quando a estudante Larissa conquistou a classificação para a Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica (IOAA), realizada na Grécia.

“Foi muito especial, porque ela era de um curso profissionalizante em uma escola pública. A partir da experiência com a OBA, descobriu sua vocação e seguiu carreira acadêmica em Física e Astrofísica”, relembra o professor.

Esse foi apenas o primeiro de muitos frutos colhidos. Ao longo dos anos seguintes, outros estudantes se destacaram, como Juventino, que representou o Brasil na edição da IOAA na China e hoje conclui o mestrado em Astrofísica na USP. Esses exemplos, segundo Guilherme, mostram que as olimpíadas são muito mais do que competições: são instrumentos de transformação social e descoberta de talentos.

Descobrindo potenciais e transformando futuros

Para o professor, a principal contribuição das olimpíadas está além das medalhas e troféus.

“A Olimpíada serve para revelar talentos que, muitas vezes, nem o próprio estudante sabe que possui. Aos 15, 16 ou 17 anos, eles ainda estão descobrindo o futuro. A experiência ajuda a identificar em qual área se destacam e abre caminhos profissionais e acadêmicos que podem marcar toda a vida.”

Segundo ele, mesmo aqueles que não conquistam medalhas acabam beneficiados: “O impacto maior está nos outros, que percebem em qual área têm mais afinidade. Esse autoconhecimento científico é um ganho inestimável.”

O nascimento da Olimpíada Pernambucana de Astronomia (OPA)

O sucesso dos alunos inspirou Guilherme e sua equipe a criar um projeto inédito no estado. Em 2015, nasceu a Olimpíada Pernambucana de Astronomia (OPA), inicialmente com cerca de 1.000 participantes. Hoje, a competição já reúne quase 15 mil estudantes, tornando-se a única olimpíada estadual de astronomia em atividade no Brasil.

“Começamos pequeno, mas percebemos a grande procura dos alunos e professores. Em dez anos, a OPA se consolidou como uma das principais portas de entrada para jovens que querem se preparar para a OBA e até mesmo para competições internacionais”, explica Guilherme.

A OPA é voltada a estudantes do 9º ano do ensino fundamental e de todo o ensino médio. As inscrições são feitas pelos professores das escolas diretamente no portal do IFPE, que recebe e organiza a aplicação das provas.

Cursos online e impacto nacional

Outra frente de atuação do professor Guilherme tem sido a oferta de cursos online de Astronomia. Em 2025, o preparatório para a OBA alcançou mais de 11 mil estudantes em todo o Brasil, demonstrando o alcance nacional das iniciativas do IFPE.

Conheça o curso gratuito de astronomia do professor Guilherme
Franklin da Silva Costa prata na IOAA 2025

“Essas atividades complementares permitem que estudantes de diferentes regiões, inclusive de escolas públicas mais afastadas dos grandes centros, tenham acesso a uma formação de qualidade e consigam competir em pé de igualdade com alunos de escolas privadas”, ressalta.

Orgulho de ver o Brasil brilhar no cenário internacional

Entre os momentos de maior emoção na trajetória do professor, estão as classificações de alunos para competições internacionais. Neste ano, ele destaca com entusiasmo o feito de Franklin da Silva Costa, estudante que foi medalhista de prata na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica IOAA 2025, realizada em agosto, em Mumbai, na Índia.

“É motivo de muito orgulho ver esse resultado. Esperamos que ele, assim como outros antes dele, siga firme na área da astronomia e contribua com grandes avanços para a ciência brasileira”, afirma Guilherme.

Leia a matéria: Brasil brilha na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica ( IOAA 2025 )

Educação científica como missão

Com mais de uma década dedicada às olimpíadas, o professor acredita que sua missão vai além de ensinar conteúdos: trata-se de abrir portas, despertar vocações e mostrar que a ciência pode transformar destinos.

“A olimpíada não é só sobre premiar alguns estudantes. O mais importante é o que ela desperta em todos: o conhecimento de si mesmos e das áreas em que podem brilhar. A partir daí, eles passam a enxergar novas possibilidades de futuro.”

Como participar

As inscrições para a OPA podem ser feitas por professores no site ifpe.edu.br. Basta cadastrar a escola e os alunos interessados para que recebam as provas, aplicadas como preparação para a OBA do ano seguinte.

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